"Infraestrutura do Turismo é precária em Manaus" - gestores falam sobre os projetos e as dificuldades

Há muito se vem discutindo sobre os projetos para a cidade de Manaus, em virtude da realização de jogos da Copa do Mundo. O evento movimenta milhões e é responsável por mudanças significativas na estrutura das cidades, especialmente na área do Turismo. A matéria do Jornal A Crítica, mostra um pouco desse cenário na cidade que foi tombada pelo IPHAN e que tem todo o Centro Histórico tombado pelo Estado e pelo Município, mas que não tem ações voltadas ao turismo, como pontos de informação ao turista e sinalização dos seus principais pontos turísticos. Também é interessante a relação orçamentária entre Manaus e os grandes centros turísticos já legitimados pelo Governo Federal. Bom para pensar.


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A Crítica
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Infraestrutura do turismo é precária em Manaus

Governo e prefeitura ainda não providenciaram os centros de atendimento ao turista e sinalização dos pontos turísticos de Manaus

    Licitação para escolha da empresa que cuidará da sinalização turística do Centro Histórico de Manaus está marcada para a próxima semana
    Licitação para escolha da empresa que cuidará da sinalização turística do Centro Histórico de Manaus está marcada para a próxima semana (Arquivo AC/Márcio Silva)
    Com dificuldade para executar ações básicas de infraestrutura em Turismo para a Copa do Mundo de Futebol de 2014, a Prefeitura de Manaus e o Governo do Estado correm contra o tempo e a falta de recursos para garantir que a passagem do Mundial por aqui consolide a capital do Amazonas como destino turístico. 

    Por enquanto, a um ano da Copa, está difícil até mesmo sinalizar os atrativos turísticos da cidade, que é uma das ações de infraestrutura para Manaus incluídas pelo Governo Federal na Matriz de Responsabilidades do evento de futebol. A desculpa é que a burocracia para ter acesso ao dinheiro é grande.

    Em setembro de 2012, o Grupo Executivo da Copa do Mundo FIFA 2014 (Gecopa), órgão vinculado ao Governo Federal, aprovou um plano de turismo para as 12 cidades-sede do mundial de futebol. A iniciativa previa investimentos de R$ 212,4 milhões no setor.

    Com os recursos federais, governos e prefeituras ficaram responsáveis pela execução de serviços nas cidades-sede como implantação, reforma e adequação de Centros de Atendimentos ao Turista (CATs), sinalização turística e acessibilidade nos atrativos turísticos.

    Para Manaus, o Ministério do Turismo (MT) reservou R$ 8,7 milhões. Com o dinheiro, a Prefeitura de Manaus se comprometeu a construir dois novos CATs fixos, e mais duas unidades móveis. Ao Governo do Amazonas, ficou a tarefa de executar a sinalização dos atrativos turísticos da capital.

    O valor reservado pelo Governo Federal para a sinalização turística em Manaus foi R$ 2,05 milhões. Pelo cronograma da Matriz de Responsabilidades, o serviço deveria ter iniciado em dezembro de 2012, com conclusão para maio de 2013. Seis meses depois, a ação ainda está na fase de licitação do projeto executivo.

    Segundo a presidente da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur), Oreni Braga, a sinalização turística é uma prioridade. E até o final de 2013 estará pronta. “A sinalização turística é importantíssima. Já está em fase de licitação”, disse Oreni Braga.

    Com o cronograma mais folgado para construir os novos CATs, a administração de Amazonino Mendes (PDT) não deixou pronto sequer o projeto arquitetônico dos CATs. A tarefa está sendo executada agora, no governo de Artur Neto (PSDB), pela equipe da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (Manauscult).

    O cronograma da Matriz de Responsabilidades estabeleceu o mês de setembro deste ano como data para o município iniciar a construção e reforma dos centros. As ações devem ser concluídas em fevereiro de 2014. Três meses antes da Copa do Mundo.

    Para Oreni Braga, a sinalização é o menor dos problemas. O que ela disse mais preocupar todos que trabalham com turismo em Manaus é o estado em que se encontra o Centro Histórico de Manaus, a um ano da Copa do Mundo.

    ‘Prioridade chama-se dinheiro’
    Diretora da Amazonastur diz que o orçamento destinado ao turismo mostra que o setor é preterido no Brasil

    Entre as 12 cidades-sede da Copa do Mundo, Manaus foi a que recebeu o menor recurso quando o Plano de Turismo foi aprovado pelo Grupo Executivo da Copa do Mundo (Gecopa), em setembro de 2012.

    Dos R$ 212,4 milhões destinados para ações de infraestrutura do turismo, Rio de Janeiro (R$ 25,9 milhões), Porto Alegre (R$ 25,7 milhões) e Natal (R$ 22,9 milhões) receberam as maiores fatias.

    Salvador (R$ 11,96 milhões), Brasília (R$ 10,19 milhões) e Manaus (R$ 8,75 milhões) foram as cidades que menos receberam recursos.

    Segundo a presidente da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur), Oreni Braga, o turismo ainda não é prioridade no Brasil. 

    “O governador Omar tem sido atencioso com nossas ações. Mas é lógico que ele tem problemas macro, e em uma gestão apenas ele não pode olhar para o turismo e dizer que o turismo vai ser a pauta dele. Mas isso não acontece no Brasil”, afirmou Oreni Braga.

    Para a presidente da Amazonastur, quando for prioridade, o turismo receberá mais recursos. “Porque prioridade para mim chama-se dinheiro, orçamento”, disse Oreni Braga.

    Três perguntas para Naira Arruda - Turismóloga e especialista em Administração Pública

    1 - Como a senhora avalia o nível do atendimento ao turista oferecido em Manaus?

    "O serviço ainda é muito amador. Não só pelas operadoras de viagens. Mas também pelos próprios guias de turismo."

    2 - Por exemplo?

    "Em um City Tour, é possível você ouvir, por exemplo, dois guias turísticos falando coisas diferentes, inverdades, sem fontes seguras, de  um mesmo ponto turístico. Falta formação. A falta de sinalização também. Não há informações mínimas para o turista sobre linhas de ônibus, como chegar até uma praia, como a praia do Tupé, por exemplo."

    3 - Poderíamos ter um quadro melhor?
    "Manaus teve quatro anos para se preparar. A gente não viu comprometimento do poder público para isso. Penso que na Copa vão maquiar muita coisa. O que vai ajudar é que o turista ainda vem a Manaus com a visão de que vai encontrar mais selva do que uma cidade estruturada. Se eles chegassem aqui sabendo que somos uma cidade com 2 milhões de habitantes, e com o 6º PIB do País, iriam exigir bem mais do que vamos oferecer."
    Orçamento

    Entre recursos federais e estaduais, Oreni Braga disse que administra em 2013 um orçamento de R$ 20 milhões. “É pouco, mas tem avançado. Começamos (quando assumiu a Amazonastur, em 2003) com R$ 5 milhões”, disse Oreni, completando: “Temos recebido atenção do ponto de vista da promoção do Estado”.

    Frente a Frente

    Titular da Sec.Munic. para o Centro - Rafael Assayag

    “A culpa não é do Artur”

    “O prefeito Artur Neto está no poder há cinco meses, em um Centro que é tombado, onde você não coloca um prego sem o consentimento de órgãos federais. Reconhecidamente, recebemos uma prefeitura que não tinha caixa, que estava quebrada. Se o Centro de Manaus não for entregue no período da Copa requalificado, tenha certeza que a culpa não vai ser do prefeito Artur. A gente está trabalhando muito”.

    Diretora-presidente da Amazonastur Oreni Braga

    “O Centro preocupa”

    “Hoje o que mais preocupa todo o setor turístico é a situação do Centro Histórico. Sabemos do esforço do prefeito Artur Neto. Achei a criação de uma secretaria para o tema uma grande ação. Deus permita que ele possa reorganizar esse Centro. Porque a gente tem crescido muito em termos de marketing da cidade. Mas, infelizmente, quem visita a cidade reclama da dificuldade para caminhar nas ruas do Centro. Isso é negativo”.

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