Mais um livro sobre 'coisas'

Treco, troços e coisas - Daniel Miller

Ir à uma livraria é encontrar surpresas sempre!

Há alguns anos que não resisto a livros que tenham na capa a palavra COISAS. Acho que desde que descobri que poderia trabalhar com design nessa perspectiva da antropologia do consumo. Essa semana, passei pela Saraiva e não resisti a mais um livro. É do antropólogo Daniel Miller, um dos principais estudiosos da cultura material relacionada ao consumo. Neste livro ele traz uma coletânea de textos de estudos dele e de alunos do doutorado, basicamente sobre indumentária, casas e mídia. Aqui ele defende a teoria de que os objetos nos moldam. A primeira edição inglesa desta obra foi publicada em 2010 e esta tradução chegou ao Brasil esse ano, 2013. Tá fresquinho ainda. E eu tô adorando a leitura! 


Segue o índice:
Prefácio: Minha vida como extremista
1. Por que a indumentária não é algo superficial
- Trinidad
- O sari
- Londres
- Conclusão: cai bem?

2. Teorias das coisas
- Do hedonismo ao funcionalismo
- Objetificação
- Materialidade

3. Casas: teoria da acomodação
- Moradia e poder
- Casa e agência
- Casas caribenhas

4. Mídia: cultura imaterial e antropologia aplicada
- Transformando os trinitários em internautas e suplicantes
- O que é uma relação por celular?
- Mídia, pobreza e bem-estar

5. Questões de vida ou morte
- Nascimento
- Morte
- De volta ao começo

Como objeto este livro já chama a atenção pelo colorido da capa. Só depois, com uma apreciação mais tranquila é que se consegue perceber que a capa é um mosaico embaralhado de coisas: celular, tênis, carro, sandálias, óculos, relógios, roupas... Outro detalhe é o número de páginas. São pouco mais de 230 páginas, o que já convida a uma leitura de final de semana. O papel (no final do livro tá descrito assim: papel offwhite 708/m²) não é tão branco e isso auxilia no não rebatimento da luz, quando se lê. Além de ter uma textura que recebe de forma macia, o lápis para os meus necessários diálogos com o autor. O espaçamento é outro ítem que colabora com a leitura. Isso o resume como um objeto convidativo, antes mesmo de se descobrir o conteúdo.

Não posso ainda descrever detalhes da leitura porque até agora só li o prefácio e o primeiro capítulo. Mas folheando o restante do livro, já deu pra perceber que ele faz uma trajetória do particular, para o geral, depois voltando ao particular. A linguagem é muito fluida. É como uma conversa que o autor vai estabelecendo com o seu leitor e os conceitos filosóficos, sociológicos, antropológicos vão aparecendo de forma sutil no texto, sem termos demasiado complexos. Penso que isso seja um grande ponto positivo da antropologia. Ela consegue dialogar com seus leitores. 

Bom, preciso concluir a leitura para voltar com algumas notas sobre o texto. Por hora é isso. Pra quem gosta dessas coisas, fica a dica...


Referência do livro:
MILLER, Daniel. Trecos, troços e coisas. Estudos antropológicos sobre a cultura material. Tradução: Renato Aguiar. São Paulo: Editora Zahar, 2013.

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