Desafio Literário - 2021 é 100 - FEVEREIRO - Literatura Indígena - Daniel Munduruku

 

                                      Livros de Literatura Indígena lidos em fevereiro de 2021

Depois de ler em janeiro, Yaguarê Yamã e Tiago Hakiy, o mês de fevereiro foi dedicado às obras do escritor Daniel Munduruku. Na categoria literatura infantojuvenil, eu li doze livros dele. Lembrando que estou lendo os livros de que disponho em meu acervo pessoal. Cada um desses autores tem muito mais obras. Estou adquirindo e ampliando o acervo aos poucos. Então, haverão novas postagens sobre as obras desses mesmos autores à medida que eu for fazendo as leituras.

Daniel Munduruku tem uma característica diferenciada na maioria dos seus livros: ele incorpora a militância no sentido de, entre os textos de contos, lendas e outras narrativas memoriais, ele traz textos informativos e de questionamentos sobre a necessidade de olhar para a cultura indígena, para os povos que ainda existem. 

Seus livros também trazem muitos mapas, fotografias, gráficos, elementos que ajudam a ler e compreender a dimensão plural da cultura indígena e os tornam bem didáticos, mais um elemento importante para o trabalho na sala de aula. Além das histórias sobre o povo munduruku, do qual faz parte, ele também apresenta e reconta mitos, lendas e histórias de outros povos. A existência do glossário, informações sobre a cultura apresentada e sobre autor e ilustrador, segue constante nas obras.

Seus livros atendem a diferentes públicos que vão do pré-leitor ao leitor crítico, e passa também pelo pensamento reflexivo sobre a literatura indígena, que será tema de outra postagem. A seguir, alguns comentários sobre as obras lidas e os comentários que aparecem na contracapa do livro.


 Contos indígenas brasileiros 

 

Contos indígenas brasileiros - Daniel Munduruku

Aqui ele traz oito contos, a maioria mitos de origem, de diferentes povos. Na abertura de cada conto, um mapa com a localização do povo retratado e outras informações técnicas como: língua, família, tronco, população. Um desenho em preto e branco também faz essa abertura. Ao final dos contos um glossário. O ilustrador é Rogério Borges. 

São textos curtos, ótimos para serem lidos em voz alta.

"Contos indígenas brasileiros nos mostra que a palavra cria, enfeitiça, embriaga, gera monstros, faz heróis, remete-nos à nossa própria memória ancestral e dá sentido ao nosso estar no mundo. Foi com esta paixão e certeza que este livro foi escrito por meio da seleção de mitos que representam a caminhada de diversos Povos Indígenas". (Contracapa do livro)


Como surgiu: mitos indígenas brasileiros 

 

Como surgiu: mitos indígenas brasileiros - Daniel Munduruku

Com ilustrações em página inteira e página dupla, além das páginas em cores e com moldura, o livro traz três mitos dos povos Apinajé, Tembé e Caiapó. Intercalado por informações sobre os povos, as lutas e a vida na cidade.

"Neste livro, o premiado autor Daniel Munduruku conta algumas das fantásticas histórias dos povos indígenas. São narrativas cheias de fantasia, sabedoria e surpresas que, segundo o autor, "devem ser lidas com o coração". Junto com a sabedoria e a magia dessas histórias, vem também o respeito a essa cultura". (Contracapa do livro)


Um dia na aldeia: uma história munduruku

 

Um dia na aldeia - Daniel Munduruku

Com ilustrações de página inteira, esse livro traz um texto leve e divertido sobre a infância. Um glossário ao final, informações sobre o povo munduruku.

"Um dia na aldeia revela como um típico menino munduruku assimila naturalmente saberes diversos. Por meio de jogos e brincadeiras, o jovem Mahhuari recebe conhecimentos tradicionais, essenciais para crescer em sintonia com a cultura do seu povo e viver em harmonia com a natureza. Os Munduruku, conhecedores dos astros e das constelações, celebram o cotidiano, os animais, as frutas e outros temas em belas canções e poesias. Assim foi a infância do próprio autor, que hoje a todos encanta com suas memórias e belas histórias". (Contracapa do livro)


Outras tantas histórias indígenas de origem

 

Outras tantas histórias indígenas de origem - Daniel Munduruku

Aqui são quatro histórias de quatro povos diferentes: Aruá (Rondônia), Tariano (Amazonas), Kayapó (Pará) e Bororo (Mato Grosso). Ao final tem informações sobre cada um desses povos e uma bibliografia para consulta.

"As histórias presentes neste livro fazem parte de uma conversa entre a Natureza e a cultura indígena. Quem criou o Universo? E a Terra? A Lua? As estrelas? O Sol? As árvores? Os animais? Estas são algumas das tantas perguntas sobre a origem do mundo e das coisas do mundo que você poderá descobrir neste livro". (Contracapa do livro)


Meu vô Apolinário 

 

Meu vô Apolinário - Daniel Munduruku

Esse livro recebeu Menção Honrosa da UNESCO, e é um dos mais conhecidos do autor. Há uma apresentação sobre a obra no site da Livraria Maracá. São sete temas abordados que retomam a infância do autor e a sua relação de aprendizado com o avô. As ilustrações de página inteira e página dupla, agregam mais poesia ao texto. São ensinamentos que vão buscar a memória e a história de cada um. É tocante!

"Meu vô Apolinário parece ter brotado de marcas e paisagens carregadas pela memória. Também, com certeza, foi escrito com o coração. Tudo isso misturado à imaginação pois, afinal, é impossível transformar em palavras o passado, ou afetos e sonhos, sem cruzar as fronteiras da ficção. Recorrendo a uma linguagem marcada pela sonoridade da fala, Daniel Munduruku mostra que a partir da saudade é possível abordar temas muito importantes: a construção da identidade; a busca da auto-estima; o conflito entre as diferentes culturas; a diversidade de pontos de vista a respeito da vida e do mundo e, ainda, a relação entre homem e natureza, quase perdida, infelizmente, em nossa civilização, mas profunda, cotidiana e essencial em muitas outras culturas". (Contracapa do livro)

 

Coisas de índio, versão infantil 

 

Coisas de índio: versão infantil - Daniel Munduruku

Este é o mais didático de todos aqui apresentados. Muito colorido, cheio de mapas, esquemas, desenhos e ilustrações que tornam o livro um brinquedo divertido. Aprende-se brincando. Fala sobre a dimensão da cultura, história e direitos: aldeia, alimentação, arte, casa, casamento, chefe, crianças e educação, direitos dos índios, economia, histórias, instrumentos musicais, jogos, língua dos povos indígenas, medicina, morte, música e dança, ritos de passagem, terra e conhecimentos da natureza, trabalho. 

"Daniel Munduruku, autor deste bonito panorama sobre as comunidades indígenas do Brasil, é índio e gosta de ser índio. Ou seja, acha fundamental o resgate do orgulho indígena, tão em baixa desde que os brancos aqui aportaram. Tanto que a expressão "coisas de índio" tem valor negativo, querendo dizer: "coisas de gente esquisita, de ignorante". Mas, desde que conduzidos pela mão certa, basta uma rápida olhada na cultura e na história dos povos indígenas para vermos que não é bem assim. Coisas de índio é um livro para pesquisa, acessível, interessante e muito atraente, capaz de fazer com que o leitor sensível compreenda toda a riqueza e pluralidade das coisas dos nossos índios". (Contracapa do livro)


Histórias de índio 

 

Histórias de Índio - Daniel Munduruku

 Esse livro traz basta informações sobre os povos indígenas e é ricamente ilustrado, com imagens de página inteira e outras que ajudam o texto a respirar, porque o tamanho das letras é bem pequeno, considerando os outros. É na sequência dos textos, conforme descrito na sinopse abaixo, emocionante, divertido e informativo.

"Kaxi é um garoto munduruku que tem uma infância feliz: brinca, nada, pesca, faz artesanato e ouve histórias. Mas Kaxi é especial, pois o pajé o escolheu para ser seu sucessor. "O menino que não sabia sonhar" é um conto emocionante sobre a iniciação à vida adulta, apresentando a cultura indígena a partir do ponto de vista de um narrador pertencente a ela. Na segunda parte do livro, o autor relata com bom humor suas experiências no mundo dos brancos. A atual situação dos povos indígenas no Brasil é descrita na última parte, assim como os hábitos, ritos, música, lendas e a diversidade cultural e linguística desses povos. As belíssimas ilustrações de Laurabeatriz enriquecem esta edição, que também inclui desenhos de crianças indígenas e fotos de aldeias mundurukus". (Contracapa do livro)


As serpentes que roubaram a noite 

 

As serpentes que roubaram a noite - Daniel Munduruku

Esse livro é dedicado às histórias do povo munduruku e traz ilustrações de crianças. Ao final, informações mais técnicas sobre a cultura, indicações de leitura e sites. O texto da contracapa do livro mostra o cuidado com que a editora Peirópolis trata o tema. 

"As sociedades indígenas são movidas pela poesia dos mitos - palavras que encantam e dão direção, provocam e evocam os acontecimentos dos primeiros tempos, quando, somente ela, a palavra, existia. 

E foi por causa dela, de sua ação sobre o que não existia, que tudo passou a existir. Foi como um encantamento, um vento que passa ou o sopro sonoro de uma flauta, e... pronto... tudo se fez.

Assim é a palavra, que flui em todas as direções e sentidos e que influenciou e influencia todas as sociedades ao longo de sua historia.

Ela cria, enfeitiça, embriaga, gera monstros, faz heróis, remete-nos para a nossa própria memória ancestral e dá sentido ao nosso estar no mundo. Mesmo vivendo numa época em que a tecnologia impera e coloca a Palavra - aqui como sinônimo de Verdade - em segundo plano, percebemos que ainda há esperança, pois ela vivifica a poesia dos mistérios que nos emocionam e nos fazem buscar, dentro de nós mesmos, a certeza de que vale a pena colorir o mundo.

Foi desse modo que nasceu a coleção "Memórias ancestrais".

Acreditamos que trazer à luz algumas histórias que moram dentro dos povos tradicionais e que lhes revelam a verdadeira dimensão do existir pode oferecer aos leitores das cidades um outro olhar sobre a existência e, quem sabe, fazê-los compreender mais e melhor esses povos que permanecem vivos e atuantes nessa sociedade complexa, que, às vezes, sufoca o sonho da gente.

Não esqueçam, porém, que é preciso ler e reler deixando a razão de lado, fechar os olhos e contemplar, contemplar, contemplar... Assim, vocês irão ao encontro da Palavra que mora lá dentro de vocês e certamente se apaixonarão por suas próprias Memórias Ancestrais". (Contracapa do livro)


Foi vovó que disse 

 

Foi vovó que disse - Daniel Munduruku

Um texto muito singelo é o que a gente encontra aqui. É doce de ler. E ótimo para ser lido em voz alta também. Graça Lima brilha nas ilustrações. 

"Faz parte da tradição indígena ouvir os avós. Eles são considerados os sábios da comunidade porque costumam contar as histórias dos ancestrais. São os guardiões da memória e responsáveis por educar o espírito dos mais jovens. 

Ao contar histórias ou lembrar às crianças sua origem, os avós - homens e mulheres - não os deixam esquecer de onde vieram, para onde vão e qual o papel de cada um neste universo no qual nos movemos.

É isso que o leitor irá encontrar neste novo e encantador livro escrito pelo premiado autor Daniel Munduruku, que nos presenteia com a magia e a sabedoria da cultura indígena". (Contracapa do livro)


A caveira rolante, a mulher lesma 

 

A caveira-rolante, a mulher-lesma - Daniel Munduruku

Aqui o autor traz seis histórias de povos diferentes. São de assustar mas são divertidas. As ilustrações de página inteira e página dupla do Maurício Negro são colossais (como sempre).

"Guardiães da memória, os adultos ou pessoas mais velhas das aldeias indígenas apenas contam histórias. Suas narrativas são formas de ensinamento sobre os perigos da vida na floresta, na montanha ou no cerrado, que lembram às crianças a importância de estarem atentas aos desafios que a natureza nos impõe". (Contracapa do livro)


Catando piolhos, contando histórias

 

Catando piolhos, contando histórias - Daniel Munduruku

Mais um texto delicioso, um livro divertido, colorido, de brincar e aprender e rememorar. 

"Depois do banho no rio corríamos para casa, onde éramos recebidos com o saboroso alimento preparado por nossas mães. Assim, o dia passava mais uma vez e nos deixava com saudade do dia seguinte.

Nós - meus irmãos e eu - nos sentávamos, então, ao redor do fogo aceso no centro da casa para alimentar nosso corpo. Ali, cantávamos para todos os adultos presentes tudo o que havíamos feito durante o dia. Embora não parecesse, todos nos ouviam com atenção e respeito. Aquele era um exercício de participação na vida de nossa comunidade familiar". (Contracapa do livro)

Vozes ancestrais

Vozes Ancestrais - Daniel Munduruku


Um trabalho que traz também histórias de diferentes povos, mas que é intercalado por fotografias em preto e branco. É como uma chamada pra dizer: Ei, sou eu que estou aqui! Eu existo! Acompanha um suplemento de leitura, uma característica da Editora FTD.

"Daniel Munduruku costuma afirmar: "Escrevo para me manter índio". Foi com essa motivação que o autor teve a ideia de procurar indígenas de dez povos e coletar os contos tradicionais transcritos nesta obra, trazendo para o leitor um pouco das crenças e tradições das populações que habitam o território brasileiro. 

"Como o Sol ressuscitou o Lua" é uma destas histórias. E, não, você não leu errado: entre os Umutina, Lua é um substantivo masculino. Os Nambikwara contam como o fogo, que pertencia ao tamanduá-bandeira, foi roubado e distribuído entre todos os seres. Em "Os dois teimosos", os Maraguá ensinam a importância de "não mexer nas coisas da floresta sem ter necessidade".

Esta composição de textos é entrelaçada pelos retratos que abrem cada capítulo, revelando pela imagem a identidade cultural de cada povo, na expressão facial, nos adornos e até mesmo nos instrumentos e objetos do dia a dia". (Contracapa do livro)


Daniel Munduruku

Daniel Munduruku é extremamente atuante como ativista das causas indígenas pela literatura escrita. É o mais lido e conhecido dos autores e é responsável por congregar e incentivar outros escritores a contarem também suas histórias. Está presente em diversas redes sociais. A seguir, a biografia retirada do seu blog pessoal

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Daniel Munduruku (Belém, 28 de fevereiro de 1964) é um escritor e professor paraense, pertencente ao povo indígena Munduruku. Autor de 54 livros publicados por diversas editoras no Brasil e no exterior, a maioria classificados como literatura infanto-juvenil e paradidáticos. É Graduado em Filosofia, História e Psicologia. Tem Mestrado em Antropologia Social pela USP - Universidade de São Paulo, Doutorado em Educação também pela USP e Pós-Doutorado em Literatura pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar.
Já recebeu vários prêmios nacionais e internacionais por sua obra literária: Prêmio Jabuti CBL - Câmara Brasileira Do Livro, Prêmio da Academia Brasileira de Letras - ABL, Prêmio Érico Vanucci Mendes - CNPq, Prêmio Madanjeet Singh para a Promoção da Tolerância e da Não Violência - UNESCO, Prêmio da Fundação Bunge pelo conjunto de sua obra e atuação cultural, em 2018, entre outros. Muitos de seus livros receberam selo Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil - FNLIJ. Ativista engajado no Movimento Indígena Brasileiro, reside em Lorena, interior de São Paulo, desde 1987. Cidade onde é Diretor-Presidente da ONG e selo editorial Instituto Uka - Casa dos Saberes Ancestrais, também é membro-fundador da Academia de Letras de Lorena. Atualmente Daniel administra uma livraria online especializada em livros de autores indígenas e promove há 17 anos, o Encontro de Escritores e Artistas Indígenas no Rio de Janeiro em parceria com a FNLIJ.
Currículo Lattes: Daniel Munduruku

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