Desafio Literário - 2021 é 100 - FEVEREIRO - Livros da TAG Curadoria

 

Desafio Literário - 2021 é 100 - livros da TAG Curadoria lidos

Esse mês consegui ler apenas cinco livros da TAG Curadoria. Mantive o início das leituras sempre na segunda-feira, conforme planejamento inicial. E quando conseguia concluir antes de sexta, já iniciava outro. Foi delicioso passar por diferentes tempos e lugares: Inglaterra vitoriana, Lisboa, Paris, Brasil, Buenos Aires, Londres. Essa sequência de livros proporcionou uma alternância de emoções e no geral foram bem leves. Muito bom, porque faço essas leituras sempre à noite, antes de dormir.

Como eu fiz em janeiro, primeiro eu apresento as minhas impressões da leitura, que não se trata de análise literária, e em seguida trago a sinopse que consta na contra capa do livro.


O sonho dos heróis

O sonho dos heróis - Adolfo Bioy Casares

Esse livro me trouxe um misto de emoções e ao final, aquela expressão: Uau! Mas que livro foi esse?! Porque termina como um som de tambor, seco. Engraçado que começou me angustiando por eu não estar entendendo, não estar conseguindo amarrar a história. E foi assim até metade do livro. Depois, disparou! A história já me puxava pela mão e eu dançava com ela. Houve momentos em que eu fiquei com raiva dos amigos do Gauna, achei o Gauna patético e fiquei vidrada tentando entender o mistério da 3a noite de carnaval. Então vieram as explicações e o final surpreendente! 

A leitura também me levou a algumas ruas já conhecidas de Buenos Aires. Fiquei até pensando em pegar um mapa e ir fazendo o percurso que os personagens do livro estavam fazendo. Senti o cheiro e o gosto da comida. Senti o frio. Foi uma experiência sinestésica.

"Em 1927, o jovem Emilio Gauna ganha uma aposta e decide gastar todo o dinheiro com os amigos em um alucinante Carnaval portenho. Ao perceber que pouco se recorda do que aconteceu na noite anterior, o personagem fica refém da sua obsessão por descobrir a verdade sobre os acontecimentos e as pessoas presentes, mas, sobretudo: quem é aquela mulher misteriosa com quem dançou no baile de máscaras?"


Jude, o obscuro

Jude, o obscuro - Thomas Hardy

O título desse livro já tinha me causado uma impressão sombria desde que chegou. Fiquei imaginando o obscuro das histórias do "Criaturas fantásticas e onde habitam". Imaginando coisas sobrenaturais. Mas não foi nada disso. 

Primeiro eu senti uma profunda tristeza com a história. Pensei em parar a leitura porque a vida agora já está triste demais. Mas segui e fui me inquietando e me revoltando com as crueldades sociais que são resultado das regras e da religião como determinantes de comportamentos. A história traz muita crítica social e uma personagem feminista mas que se dobra no final porque suas ideias estão além do seu tempo. Por ser um homem escrevendo a história, continua o formato da narrativa do final do século XIX: a mulher é penalizada e tem sempre um Adão solícito e sofredor, vítima de uma Eva e que sucumbe aos seus desejos. Foram 400 páginas de tristeza, revolta e indignação com a sociedade que construímos. Uma boa narrativa para discutir privilégios e meritocracia. Foi publicado originalmente em 1895.

"Ansioso para escapar das amarras de sua classe social, Jude Fawley sonha em um dia se tornar professor universitário. Apesar do empenho nos estudos de letras clássicas, o entalhador se vê cada vez mais sufocado pela pobreza e pelo casamento infeliz com Arabella Donn, filha de um criador de porcos.

É quando finalmente conhece Sue Bridehead, prima distante e nada convencional. que Jude vislumbra uma chance de felicidade. Em uma sociedade tão pouco favorável a mudanças como a do sul da Inglaterra em meados do século XIX - cujos costumes, dialetos e arquitetura Thomas Hardy aqui recria com exatidão -, o amor deles logo se transforma em uma sentença.

Jude, o Obscuro, o último romance de Hardy, é considerado o trabalho mais corajoso e inovador do escritor. Originalmente publicado em fascículos mensais, cada novo capítulo trazia uma onda de choque aos leitores vitorianos. Como em outras obras do autor, é possível perceber o quanto a sociedade é cruel com aqueles que desafiam suas tradições".

O sentido de um fim

O sentido de um fim - Julian Barnes


Essa foi uma leitura que gostei desde as primeiras linhas. Tranquila, sem ser enfadonha. Que prende a atenção, sem espasmos de montanha russa. Que chama à reflexão sobre o envelhecimento, o passar do tempo. Mas sem todo o drama e tristeza que brotavam no livro anterior, do Jude. Também me fez ver como sou péssima em desvendar mistérios. Fiquei até o final do livro sem me perguntar porque a mãe da Verônica tinha ficado com o diário de Adrian e só percebo isso no final, quando o mistério é revelado. E depois de ter lido três vezes o parágrafo pra entender. Às vezes fico assim, meio dispersa na leitura. Ou é o texto mesmo que exige mais inteligência do que posso ter naquele momento. 

"Tony Webster vive em Londres. Um dia, recebe uma pequena herança e o fragmento de um misterioso diário de um de seus melhores amigos, Adria Finn, que cometeu suicídio aos 22 anos. A partir dessa lembrança, Webster revisita sua juventude na Inglaterra dos anos 1960 e tenta decifrar os escritos herdados, confrontando sua própria memória, a inexata versão dos fatos e o seu papel na cadeia de eventos que resultou na morte do brilhante amigo Adrian".

Autobiografia

Autobiografia - José Luís Peixoto

Esse foi mais um daqueles livros que fiquei boa parte da leitura sem entender, porque não é uma narrativa linear e cronológica. E isso desafia o leitor. Ao final achei divertida e muito inteligente.Em alguns momentos me senti dentro da narrativa, como se fosse minha essa autobiografia. Muito legal também enveredar pelos desafios da escrita, o processo criativo, os bloqueios de quem está produzindo um texto. Entendi mais essas dores. São minhas também. E outra coisa. Vale a pena falar sobre essa capa do livro. Ela traduz muito bem, em uma imagem, a ideia da "metaliteratura". 

"Na Lisboa dos anos 1990, um jovem escritor vê seu caminho se cruzar com o de José Saramago em diversas ocasiões. Desses encontros, nasce uma história em que realidade e ficção se mesclam, num engenhoso jogo de espelhos construído habilmente por José Luís Peixoto que evidencia as possibilidades que cercam o universo da metaliteratura".

Todos nós adorávamos caubóis

Todos nós adorávamos caubóis - Carol Bensimon

Um romance de formação. É o alerta que o leitor recebe no Prefácio do livro. E acho que agora entendi um pouco o que é. Ele vai mostrando a vida e os conflitos das personagens e chega ao final sem resolver nada. Como se fosse um retirar e espalhar todas as coisas que estavam guardadas nas nossas gavetas. E é isso. A gente que lute pra arrumar e lidar com tudo o que ficou exposto. Fora isso, foi gostoso acompanhar a descrição de alguns cantinhos de Paris, que tive a oportunidade de conhecer. E quanto ao Sul, embora tenha ido a Porto Alegre, não reconheci nada. Mas embarquei junto com as duas meninas que vivem um romance tumultuado ao longo da história.

"Era o ar da serra, nós estávamos ali, com cinco ou seis anos de atraso, mas ali, finalmente ali. Tínhamos sobrevivido a uma briga que continuava pairando sobre nós, a Paris, a Montreal, à loucura das nossas famílias. Aquela viagem era mais um fracasso irresistível".



Diário de Leitura dos livros da TAG Curadoria

Com os livros da TAG eu estou conseguindo manter a regularidade de ir anotando as minhas impressões da leitura logo após concluir. Isso ajuda muito depois na hora de fazer a postagem aqui. Além de manter atualizado o registro no Diário de Leituras. Não vejo a hora de preencher todo ele. 

Para o próximo mês, março, pretendo encerrar as leituras de 2019. Acredito que esse ano eu consigo atualizar tudo e chegar à leitura do livro do mês no momento em que ele chegar. Por enquanto ainda faltam os doze livros de 2020 e os dois de 2021. Mas seguimos o desafio!

E pra quem quiser saber das leituras anteriores:

Livros da TAG Curadoria lidos em Janeiro.


Até a próxima!


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