Registros: cadernos de memórias, planejamentos, anotações, ideais para reativar


Caderno de aula, ano 2015, com anotações - Evany Nascimento


Cadernos, desde quando?

Eu sempre gostei de usar cadernos, acho que desde criança. Pelo prazer de escrever, de registrar coisas, talvez por não confiar muito na memória, mas também para não perder ideias e tanta coisa incrível que eu via e ouvia na escola.

Antes dos 15 anos eu já usava muitos diários e a minha primeira agenda (aquela antiga Agenda do Estudante, da Tilibra) eu tive quando comecei a 5ª série (hoje 6º ano). E eu me sentia importante anotando meus compromissos de entregas de trabalho e provas.

Depois de adulta, era os cadernos de poesias, cartas e declarações de amor... mas aí é outra história... e vai ficar para outro momento.

Voltando ao ponto!

Cadernos - achados!

Hoje eu encontrei o primeiro caderno que usei na UEA, em 2015. Uso cadernos até hoje, para fazer planejamento, anotações de aulas e meus registros diversos das disciplinas e projetos que desenvolvo.

Costumo organizar para cada disciplina um caderno específico, onde colo o plano de ensino, parte do material que vou distribuindo, faço o planejamento e anotações de ideias para as aulas e os registros durante as aulas. Esse material é revisitado na turma seguinte, para rever os processos e como forma de avaliação e também, para reativar as ideias criativas.

Neste, tem algumas pérolas que vou compartilhar brevemente com vocês, porque considero um material rico e que valeria a pena uma discussão teórica e até um artigo.

O caderno em questão - O que tem nele?


Quando no primeiro dia de aula com esta turma, eu perguntei sobre as memórias de arte educação na escola e fora dela. Eis algumas respostas:

Experiências em Arte - Dentro da Escola

- "não lembro de arte na educação infantil"
- "no Ensino Médio era mais teoria, a gente não produzia nada"
- "não tenho muita lembrança de arte, só colagem, pintura, mas arte mesmo não"
- "desenho pronto para pintar"
- "foi nas outras disciplinas que a gente aprendeu alguma coisa de arte"
- "projeto no Cemitério São João Batista"
- "concurso de pintura"
- "fanfarra"
- "nunca esqueci de um quadro da Tarcila"


Experiências em Arte - Fora da Escola


- " eu dancei na igreja, mas todo mundo queria me tirar do grupo";
- "eu tentava desenhar vestido mas ficava feio que só"
- "canto um pouquinho, mas ninguém gosta"
- "eu vou comprar todo o meu material pedagógico porque não sei fazer nada"
- "participei forçada de uma peça de teatro";
- " eu gosto de cantar, mas eu não sei cantar";
- "quando eu era criança eu gostava de desenhar, mas acho que não tenho muito talento"
- "é difícil tocar flauta, meus dedos não obedecem";


O que dizer sobre isso?

Eu gosto muito de ativar as memórias dos professores em formação, porque a partir delas é possível refletir, com base na experiência de cada um, que tipo de professor queremos ser e que tipo de memória podemos deixar na vida de uma pessoa.

Também é possível observar sobre os conteúdos, estratégias e motivações que perpassam o ensino de Artes nas escolas. E em muitos casos, a experiência com Artes se dá mais fora da escola, em igrejas, clubes, centros sociais, grupos folclóricos, do que dentro dela, mediada pelos professores.

Com essas memórias ativadas, aproveitamos para falar sobre como as frustrações permanecem porque muitas vezes a ideia de Artes que se passa na escola, parte de um modelo de desenho, de pintura, de música, uma arte de gênios, inalcançável! Precisamos sim, estudar a Arte dos museus e galerias, dos grandes artistas. Isso é importante para a formação cultural do indivíduo. Mas precisamos também exercitar o fazer artístico como prazer, como espaço para a criatividade e para o exercício do pensamento crítico. Esse espaço o professor só vai desenvolver se ele também experimentar.

Acredito que essas anotações, que eu sempre faço com minhas turmas nas primeiras aulas, rendem boas reflexões também sobre o meu papel de arte educadora. Cada uma das respostas é um mundo para pensar!

Então...


Caderno de aula, ano 2015 - Evany Nascimento


Os cadernos são incríveis! Guardam uma vida inteira! E eu só lembro da música do Toquinho:

"Só peço a você
um favor, se puder
não me esqueça
num canto
qualquer!"

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