O que é um paneiro

Este blog recebeu o nome de PANEIRO porque é um objeto da região norte e que tem vários usos: guardar, transportar, enfeitar. Seu acondicionamento é fácil, pois podem ser colocados um dentro do outro e não ocupa muito espaço. Não pesa e pode ser levado para vários lugares. Possui vários tamanhos. E a ideia deste blog é exatamente isso: cabe tudo no paneiro!

Esta é a música do grupo regional Raízes Caboclas, com um trecho do cancioneiro folclórico da região do interior do Amazonas, falando sobre a "serventia" e a simbologia do PANEIRO. Eu gosto dessa ideia!

Paneiro é coisa comum
Em todo barraco tem
Não custa muito dinheiro
Nem custa fazer também
Mas quero levar comigo
Pra sempre no coração
A lição que o paneiro ensina
Como é bela a união

As talas que viram adubo
Nas matas sem serventia
Mas agora de mãos dadas
Todas têm força e valia
Mas quero levar comigo
Pra sempre no coração
A lição que o paneiro ensina
Como é bela a união

(Música do folclore amazonense,
colhida em São Paulo de Olivença/AM,
pelo grupo Raízes Caboclas)

Neste link é possível ouvir a música Paneiro com o grupo Raízes Caboclas:
http://letras.mus.br/raizes-caboclas/461021/

"PANEIRO - é o cesto amazônico por excelência, feito de talas de guarimã, guarumã ou arumã, eu prefiro chamar de guarimã como é conhecido no baixo amazonas e zona Bragantina do Pará, é confeccionado  em traçado hexagonal, formando "estrelas de Davi" . A palavra paneiro é hibrida, vem do tupy - PANÁ (cesto) com o sufixo português - EIRO que expressa uso, finalidade e profissão (paná + eiro = Paneiro). Muita coisa se faz com o guarimã, além dos tradicionais paneiros, no passado, os caboclos ribeirinhos, embalavam farinha em paneiros que eram forrados com as folhas do guarimã. Carrega-se e guada-se nos paneiros,  de roupas a alimentos, até animais são transportados em paneiros na Amazonia."

Abaixo algumas imagens de diversos tipos de paneiro e seus usos.


Peneiros de camarão - Belém do Pará
Fonte: http://perfumedepequi.blogspot.com.br/2008/08/o-sal-e-ns.html




Peneiros de acaí - Belém do Pará
Fonte: http://pedropaulofloresta.blogspot.com.br/2011/06/paneiro.html


Paneiros
Fonte: http://misteriosfantasticos.blogspot.com.br/2010/11/ceiuci-velha-gulosa.html



Paneiros de mangaba e cará roxo
Fonte: http://come-se.blogspot.com.br/2011/06/tipiti-de-plastico-e-outros-lixos.html


Estes dois blogs tem uma variedade interessante de imagens de paneiros, vale a pena conferir:
http://come-se.blogspot.com.br/2011/06/tipiti-de-plastico-e-outros-lixos.html
http://pedropaulofloresta.blogspot.com.br/2011/06/paneiro.html

http://www.jangadabrasil.com.br/janeiro53/of53010a.htm
Nesta revista Jangada Brasil, podemos fazer uma viagem pelos diversos tipos de cestos encontrados no Brasil. São muitos nomes e formas de fazer. Rende uma boa pesquisa.

http://artebaniwa.org.br/tipos2paneiro.html
Neste outro site, da Arte Baniwa (uma das nações indígenas do Amazonas), escontramos muitas informações sobre a cestaria Baniwa: extração, modo de fazer, transporte, como encomendar, etc. Com muitas imagens, é uma ótima referência para a pesquisa sobre paneiro




Paneiro - da etnia ticuna, comprado em Benjamin Constant, Aldeia Filadelfia, em janeiro de 2011.
Foto: Evany Nascimento


Na sala de aula:
Muitas atividades podem ser desenvolvidas em sala de aula com a música e os paneiros:
* Coreografia com a música;
* Dinâmicas de grupo para trabalhar a ideia de coletividade, de trabalho em conjunto, de união;
* Aspectos do artesanato regional: os objetos trançados;
* Os usos do paneiro;
* Os paneiros que se tem em casa;
* Paneiro: arte ou artesanato?

Acredito que esse tipo de trabalho pode auxiliar em um processo de reconhecimento cultural. São objetos de uma comunidade existente no interior do Amazonas, em outros Estados da região Norte, especialmente no Pará, e que chegam no ambiente urbano com um valor depreciativo. Uma ideia de pesquisa seria por exemplo, identificar que tipos de paneiro os alunos tem em casa, se tem algum. Diante disso, buscar os usos desses paneiros, de onde eles vieram, de que são feitos, quem fez. Quando conhecemos esse processo, a história das coisas, fica mais fácil imprimir algum tipo de valor, fica mais fácil estabelecer uma identificação com ele.

Comentários

  1. Quando eu era adolescente lá em Belém do Pará, ia com minha avó ao Ver-o-peso, grande feira ao ar livre. Lá eu via muitos paneiros cheios de açaí sendo transportados da canoa para a feira. Hoje, o transporte deste fruto ainda é assim, no paneiro, sabedoria do caboclo que entende que o fruto tem que manter o frescor, a cor, o sabor e o cheiro.

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  2. Isso mesmo Nide Braga! A sabedoria popular é importante e merece sempre esses registros que você está fazendo aqui. Nossa infância parece estar muito mais recheada desses elementos do que os dias de hoje.

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  3. Olá Eva, estava procurando a letra desta música pra ensinar pra uns alunos de escola. Só achei completa no seu blog. Obrigada... Mas tem um erro na frase, que seria legal corrigir, pra passar à boa poesia as pessoas. " As talas que viram adubo " na verdade é, "As talas viviam à ufa". A expressão "viver à ufa" quer dizer "viver em abundância". Obrigada pela difusão da nossa cultura e parabéns pelo bonito trabalho !

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