Poeminha para Manaus

HISTÓRIA DA CIDADE DE MANAUS 

Eu nasci de um grande encontro
De dois rios e suas tormentas
O Rio Negro de águas escuras
E o Solimões de águas barrentas

Dois povos me formaram
Um que estava e o que aqui chegou
O índio, povo primeiro
O europeu, que o Atlântico atravessou

Comecei como fortaleza em 1669
Dos portugueses eu era segredo
Sob a bênção de Jesus, Maria e José
Me chamaram Fortaleza de São José da Barra do Rio Negro

Quando me tornei uma pequena vila
Tudo ainda estava desorganizado
Soldados misturados com índias
Para a Igreja era pecado

Foram os padres carmelitas
Que acabaram com essa farra
De vila passei à freguesia
De Nossa Senhora da Conceição da Barra

Esta é a santa padroeira
Da cidade e do Estado
Antes simples capela coberta de palha
Hoje grande monumento de longe avistado

O meu nome tem origem
De uma tribo de guerreiros
Manau era um povo orgulhoso
Nascido aqui primeiro

Minha gente aqui vivia
Uma vida muito modesta
Caça, pesca e coleta
Das riquezas da floresta

E a floresta tinha uma riqueza
Que em poucos lugares se acha
O leite extraído da seringueira
Conhecido como látex, ou borracha

Com essa riqueza fiquei famosa
Mas também houve muita briga
Construíram no meu centro histórico
As casas da Manaus antiga

Os prédios mais bonitos
Que ficaram desse tempo
Contam hoje parte da história
E são chamados de monumentos

Teatro Amazonas, Palácio da Justiça,
Palácio Rio Negro e Paço Imperial
São heranças que ficaram
Na cidade cartão-postal

Muitos povos aqui chegaram
Nesse tempo de bonança e glória
Alemães, ingleses, italianos
Também fazem parte da nossa história

Do Brasil muitos vieram
Maranhenses, cearenses, nordestinos em geral
Cariocas, paulistas, mineiros
Uma migração sem igual

Em 1905, vivi uma consagração
O Presidente Afonso Pena
Disse, em minhas ruas deslumbrado
“Manaus é uma revelação”.

Para muita gente eu oferecia
Conforto e uma vida boa
Bens chegavam da Europa
Mas não para qualquer pessoa

Minhas primeiras ruas eram lamacentas
E tinham nomes engraçados
Rua Deus Pai, Rua Deus Filho
Rua dos Armazéns, Rua do Enforcado

Pequenas praças foram se abrindo
E a borracha decorou
Com belas fontes trazidas de longe
Hoje um pouco delas restou

Depois desse período de glória
Muitos me disseram adeus
Quem era daqui fincou sua história
Hoje todos são filhos meus

Tive ainda outro momento
De riqueza, mas não tanta
Quando nos anos 1960
Instalaram a Zona Franca

Mais mudanças a cidade
Nesse tempo incorporou
As casas modificadas
Os prédios que se levantou

Eu sou hoje todas as misturas
Que vivi e que me trouxeram
Tenho um lado índia e um lado europeu
Dos povos que aqui vieram

Se tenho nas ruas e na arquitetura
A parte europeia traduzida aqui
Tenho os hábitos indígenas
Na comida e na rede de dormir

Sou a Manaus de muitas cores
De muitos cheiros e sabores
Sou Manaus dos peixes fartos
Sou Manaus em pleno ato

- Evany Nascimento -


* Poema produzido a partir do livro "Manaus do Rio Negro, a capital da floresta", do escritor amazonense Elson Farias. 


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